Blogagem Coletiva: Infância Livre de Consumismo


Hoje é o dia da Blogagem Coletiva cujo assunto é Infância e Consumismo. Estou acompanhando os posts das amigas referentes a isso e conseqüentemente recebi o convite pela Paloma para escrever sobre o assunto.

Apesar de estar barriguda demais, prestes a parir, me animei muito para me posicionar frente a essa questão tão polêmica e, ao mesmo tempo, falar minhas impressões de como acontece na Alemanha.

Quando penso em Infância Livre de Consumismo três aspectos são relevantes para mim:

1) Valores e princípios familiares
Acredito que a ideia de consumir passa de geração para geração, algo familiar. Atualmente casada, olhando para o passado, para o modo de vida e valores intrínsecos, tão familiares, da minha família e do meu marido avalio que são muito diferentes; desde a criação como os hábitos. Por exemplo, meu marido sempre teve uma educação mais rígida, no qual havia a presença da palavra NÃO, da orientação e do bloqueio da televisão. Enquanto a minha sempre foi mais liberal e nossos pedidos (meu e dos meus irmãos) na maioria das vezes foram atendidos. Um tanto de mimo, de fazer de tudo para satisfazer todos os desejos. Fui muito feliz, porém nos dias de hoje vou ao encontro das ideias do meu marido, pelo menos me controlo ao máximo para transmitir valores, princípios tão importantes aos meus filhos.

Não acredito que o melhor caminho seja o desejo de querer o tempo todo, dos pais satisfazerem a criança para que não haja frustrações.

Temos o hábito enquanto pais de regularmos essas vontades, de falarmos não, darmos os devidos limites ao impulso e a vontade de ter, ter, sempre ter...

Felipe, por exemplo, costuma pedir um brinquedo ao vê-lo no supermercado, mas costumamos dizer com todas as letras que não é o dia, que pode pedir numa data especial. Muitas vezes corta o coração da mãe, ao mesmo tempo, sabemos que é o melhor caminho para valorizar o que tem e não pensar que tudo é viável, tudo é necessário para viver bem e ser feliz.

2) A influência da sociedade, do modo de vida
Esse é um aspecto que interfere muito na maneira como as pessoas lidam com a questão do Consumismo.

A sociedade em si, o lugar que você vive e freqüenta faz toda a diferença. Lembro que quando morava no Brasil, por experiência própria, era influenciada demais pela mídia, pelo círculo de amigos ao desejo de querer, de consumir. E detalhe: muitas vezes sem necessidade, sem uma tremenda urgência. Por isso, vem à tona novamente a questão de termos valores, princípios referentes a vida, enraizados e praticamente imutáveis, caso contrário, a onda da publicidade, a mídia te carrega para os gastos, ao consumo cada vez maior.

Em relação as crianças mesmo, em todo o lugar há essa influência, porém consigo enxergar na Alemanha uma forte postura dos pais diante do desejo de querer ter. Primeiro que são mais econômicos, a grande maioria pensa no bem estar e não na quantidade e diversidade. Então, incentivam o uso até o último. Segundo que valorizam o passar de geração para geração. Por exemplo: as crianças venderem os próprios brinquedos no bazar, nas Feiras para obterem o dinheiro e fazerem uso em objetos usados ou não. Com isso, sem sombra de dúvida, interferem no modo que as crianças e adolescentes olham para a questão do Consumismo.

Por último, o modo de vida em si, os valores são outros. Digo isso, pois mudei muito desde que vim para cá, atualmente vivemos de uma maneira mais simples, sem a necessidade de termos inúmeras coisas, valorizando outros aspectos tão ou mais importantes para o bem estar, como aproveitar o que a natureza e o espaço geográfico oferecem.

3) A Publicidade Infantil
Em qualquer lugar do mundo terá forte influência sobre as pessoas e, principalmente, nas crianças.

Percebo que na Alemanha tudo é muito similar ao Brasil, os canais abertos da televisão bombardeiam com a publicidade de brinquedos; cabendo aos pais darem limites, orientarem os filhos desde pequenos.

Atualmente durante o tempo que meu filho Felipe assiste televisão percebo que não dá importância, às vezes ignora e outras vezes faz um comentário sem grande relevância. Ainda vejo esse meio distante da vida dele, porém requer um cuidado desde já, pois tenho certeza que daqui a pouco, quando estiver na escola a influência será maior ainda.

Por isso, mais uma vez o papel dos pais é fundamental na criação e valores a serem transmitidos. Requer conhecimento, clareza e persistência.

Apoio Infância Livre de Consumismo!!!

Enquanto isso, pelo que pesquisei nos sites tudo na Alemanha está em processo em relação a legislação. Por isso, vamos aguardar. Assim que tiver notícias escreverei mais a respeito.

Se vocês quiserem saber mais a respeito, seguem os links:

- Facebook _ Infância Livre de Consumismo

- Instituto Alana

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12 comentários:

Liza disse...

Acho difícil essa tarefa de frear os filhos frente ao consumismo. Davi ainda não chegou na idade de pedir as coisas. Sei que vou ter que ser firme, mas eu mesma sou consumista. Adoro uma roupa, um sapato, uma maquiagem nova. Então, como passar um valor para o meu filho que nem mesmo eu tenho? Difíceo...

Mas quem sabe ele não veio ao mundo para me ensinar também. Ao tentar passar valores corretos para ele, posso tentar remoldar meu estilo de vida e repensar as prioridades.

bju

Paloma Varón disse...

Está demais, Celi, adorei como vc foi organizada, colocou em tópicos. Como consegue organizar tão bem o pensamento às vésperas de parir, mulher? Minha ídola!!!
Beijos

Juliana Tassi Borges Zenaide- Contos de Mãe disse...

Pelo jeito a Alemanha é como a Suíça, né? Parabéns pelo texto, bj, Ju

sou Bárbara disse...

Gostei muito do seu texto Celi. Ainda não tenho filhos, mas já morro de preocupação quanto a questão do consumismo na vida deles. Tenho tanto medo das influências externas... porque em casa eu sei o que eu (quero) ensinar mas e os amiguinhos? e a família com mania de dar presentinhos o tempo todo?!! Vai ser complicado, mas vou me esforçar ao máximo pra passar a eles valores com os quais eu me identifico.

beijos

Carol Damasceno disse...

Celi concordo com o que disse... Acredito piamente que os pais transformam seus filhos em consumidores compulsivos...

Vou te dar um exemplo prático que acontece na minha casa... Se você der um pacote embrulhado ou sem embrulho para a Laura faz o mesmo efeito, pois eu nunca instiguei a sua vontade de ganhar presentes.... Ela tem um monte de brinquedos e nenhum até hoje foi comprado por mim...
Fui com ela no mercado e passamos nos corredores de ovos de páscoa... Ela nem deu bola, pois nunca instiguei sua vontade de saber o que era aquilo... Acredito que ela ainda é muito pequena e tudo isso é desnecessário...

Eu sou muito gastona e não quero que minha filha seja como eu... Tenho vontade de comprar um monte de coisas para ela, mas não é esse valor que quero passar para ela... tiveram brinquedos que ela ganhou no aniversário de um ano que eu guardei.. Ela não dá conta de brincar nem com os que já tem.. Para que ter mais... Acho que menos é mais... Prefiro que ela tenha criatividade de brincar com coisas que não são prontas... É mais ou menos isso....

Beijocas e estou ansiosa....

Carol

Dani Rabelo disse...

Celi, é isso mesmo, vc está certíssima!

Adoro a tua maneira organizada de escrever, sabia? Adorei os tópicos e concordo que os pais "brasileiros" (generalizando e correndo o risco de alguém ficar puto, mas é no geral, sei que existem as exceções), qdo comparados com os alemães, são mto mais abertos, mimam mais, dão mais coisas, se curvam diante da aparente necessidade do filho em ter alguma coisa fútil. Ao meu redor vejo muitas mães permissivas, que mimam muito seus filhos, que dão de um tudo para eles, que se endividam para dar brinquedos ou roupas supérfluas para os pequenos. Não é assim que deve ser, eu concordo com vc. Dizer NÃO é muito importante, bem como vc exemplificou o caso do brinquedo do supermercado que o Felipe pede. Aposto que não é caro, aposto que vc poderia levar um por semana para ele, e que ele ficaria feliz nos primeiros minutos... depois, enjoaria. A gente fica com dó de frustrar os filhos e acaba criando filhos sem limites, sem valores, sem edução. Tudo para eles, sempre. Não pode.

Concordo com o teu texto e adorei a forma que colocou a vida aí na Alemanha. A nossa responsabilidade, como pais, é enoooorme, e às vezes acho que eu nem percebi o quanto, sabia? Me surpreendo com assuntos tão polêmicos e importantes (como este) e penso que a responsabilidade realmente é enorme, huge!

Confesso que eu mesma já comprei roupa pra Laura sem precisar - e me arrependi um monte depois, quando a conta abaixou horrores e quando vi que a necessidade era MINHA e não dela. E assim a gente vai aprendendo, né????

Beijos, querida!!!

Anônimo disse...

Oi Celi querida!
Ainda firme? Menina, esse final é pra matar né?! Mas vc ainda está ótima, escrevendo super concentrada (eu já nem atinava muito, hehehe)...

Bem interessante esse assunto! Aqui em casa rola uma controvérsia. É muito difícil controlar o impulso de dar tudo a todo momento. Tb dizemos muitos nãos para o Lucas, mas muitas vezes tb compramos presentes desncessários. E é tudo mesmo uma questão de educação. Dos pais. Porque no final é a gente que ensina!!

E no mais, como estão os meninos?
Muito ansiosos com a chegada do maninho?

Beijão pra vcs viu?!
Tudo de bom!!
Ju

Karen disse...

Oi Celi, adorei o texto! Você abordou um ponto muito importante, o da coletividade e os valores desta coletividade aqui na Alemanha. O de comprar coisas usadas, por exemplo. Lembro que no começo vi com certo estranhamento este hábito. Assim como achava estranho os produtos sem marca do Aldi. Mas nada que 12 anos não resolvam, hehehehe. Agora me choca muito mais os brasileiros não fazerem igual.
Que bom que mudamos, né?

Beijos e estou louca para conhecer o Lucas!!

Cíntia disse...

Oi Celi,

Mais uma vez arrebentando!
Assim como você, tornei-me mais consciente morando fora. Infelizmente eu não nasci assim. Acho pertinente o meio mudar nossos conceitos. Essa chance de repensar os valores é uma oportunidade de ouro, né não?
Parabéns pelo texto!

beijo

Sarah disse...

Adorei o texto Celi! Interessante vc destacar a mudança de valores com relação ao Brasil, e que bom que essa diferença tem contribuído tanto!
Não consegui participar da blogagem no dia, mas meu texto está no rascunho. Vou postar essa semana!
bjao!

Mamãe do Otávio disse...

Adorei o texto Celi! parabéns!
amo seu blog e to sempre aqui!
como faz uns dias"zinhos" que tu não posta já deve estar com o Lucas nos braços! toda a felicidade do mundo pra vcs! e que a adaptação dos meninos e principalmente do Thomas seja fácil e sem dor!
beijos nessa família linda!

Tami

Telma disse...

Excelente o seu post , Celi! Primeira coisa é o exemplo e a postura dos pais. A publicidade dificilmente nos livraremos dela... O jeito é dar exemplo e ensinar os valores. Acho que toda crianca tem seus desejos mas devem esperar muito para realiza-los. Os pais erram demais quando vão dando tudo só porque tem condições de comprar. Fora de data, a única coisa que dou são livros e roupas (se estiver precisando). Bom tb aprender a conservar , cuidar das próprias coisas, emprestar e doar. Parabéns pelo Lucas lindo viu! Beijao